Tipos de câncer

Tumores Neuroendocrinos

Os tumores neuroendócrinos são raros e podem ser encontrados na maioria dos órgãos, inclusive pulmões e pâncreas. São mais comuns em pessoas de 50 a 60 anos. Não há como se prevenir da doença, pois sua causa é desconhecida. Saiba mais.
6 min de leitura
por: Grupo Oncoclínicas
Tumores Neuroendocrinos
Com incidência de sete em cada 100 mil pessoas, os tumores neuroendócrinos são mais comuns em homens e mulheres com idade entre 50 e 60 anos

O que são tumores neuroendócrinos

Tumores neuroendócrinos (TNE) são tipos raros de câncer que se originam nas células do sistema neuroendócrino. Essas células se espalham pelo corpo e são encontradas na maioria dos órgãos, incluindo o trato gastrointestinal, o pâncreas, a tireoide e os pulmões.

As células neuroendócrinas são como as células nervosas, mas também produzem hormônios, como as células do sistema endócrino.

Quando as células neuroendócrinas mudam e não crescem ou não funcionam normalmente, podem levar à formação de tumores neuroendócrinos. Alguns são detectados e tratados rapidamente, outros conseguem se espalhar para outras partes do corpo. Podem evoluir lentamente (indolentes) ou rapidamente (agressivos).

Com incidência de sete em cada 100 mil pessoas, os tumores neuroendócrinos são mais comuns em homens e mulheres com idade entre 50 e 60 anos.

Subtipos de tumores neuroendócrinos

Em primeiro lugar, é importante destacar que os tumores neuroendócrinos que produzem sintomas hormonais são chamados de “funcionantes”, enquanto aqueles assintomáticos no que diz respeito a sintomas hormonais são os “não-funcionantes ”.

Existem três tipos principais de tumores neuroendócrinos. São eles:

Tumores neuroendócrinos gastrointestinais (TNEs GI) – é o tipo mais comum. Como o nome indica, são tumores encontrados no trato gastrointestinal, que se desenvolvem em órgãos como intestino delgado, reto, estômago, cólon, esôfago e apêndice. A maioria é indolente, ou seja, progride lentamente. Os mais comuns são no intestino delgado e liberam serotonina principalmente quando dão metástases  para  o fígado.

Os TNEs GI ganham duas subdivisões, relacionadas à comparação com células normais:

  • TNEs GI bem diferenciados: são compostos por células que parecem e agem como células normais. Podem ser tanto indolentes quanto agressivos; são classificados como tumores grau 1 e 2, nos casos mais indolentes, e grau 3 nos casos de crescimento mais rápido com taxas mais altas de proliferação;
  • Carcinomas neuroendócrinos GI mal diferenciado: são tumores agressivos compostos por células muito anormais, têm comportamento e tratamento  completamente distinto dos outros tumores.

Tumores neuroendócrinos pulmonares – responsáveis por um quarto dos TNEs, eles se desenvolvem nos pulmões ou nas vias respiratórias, muitas vezes nos brônquios. Existem quatro subtipos de TNE pulmonares:

  • Tumores carcinoides típicos: são indolentes e têm células que parecem e agem como células normais;
  • Tumores carcinoides atípicos: são como os típicos, mas têm mais capacidade de se espalhar para outras partes do corpo;
  • Carcinomas neuroendócrinos pulmonares de grandes células e de pequenas células: são compostos por células muito anormais, tendem a ser agressivos e a se espalhar para outras partes do corpo mais rapidamente;
  • Tumores neuroendócrinos pancreáticos: são tumores muito parecidos com as ilhotas pancreáticas (grupo de células do pâncreas que produzem os hormônios glucagon, insulina e somatostatina)5. Eles são subdivididos em dois grupos: Tumores neuroendócrinos pancreáticos funcionais e Tumores neuroendócrinos pancreáticos não-funcionais. Podem liberar hormônio, mas não causam síndrome associada a isso.

Outros TNEs raros são os que se iniciam no/na(s):

  • Glândula tireoide – tumores medulares da tireoide;
  • Pele – câncer de células de Merkel;
  • Glândulas suprarrenais – feocromocitoma;
  • Timo;
  • Outros órgãos, como mamas, próstata e rins.

Em aproximadamente 10% dos casos, não é impossível determinar onde o TNE se iniciou. Quando é assim, ele é chamado de carcinoma de origem primária desconhecida (CPD).

Sintomas e sinais de tumores neuroendócrinos

O câncer neuroendócrino pode ser assintomático quando indolente. Sintomas e sinais tendem a aparecer quando os tumores são agressivos e funcionais, e eles variam de acordo com o subtipo da doença.

Sintomas de tumores neuroendócrinos gastrointestinais:

  • Desconforto ou dor abdominal;
  • Ondas de calor repentinas com rubor facial  (rosto vermelho);
  • Diarreia crônica;
  • Sangramento no reto ou ao defecar;
  • Anemia e fadiga;
  • Azia ou indigestão;
  • Úlceras estomacais, que causam azia, indigestão e dor no peito ou no abdômen;
  • Perda de peso sem motivo aparente;

Sintomas de tumores neuroendócrinos pulmonares:

  • Tosse persistente;
  • Crises de asma;
  • Tossir sangue;
  • Dificuldade para respirar;
  • Fadiga;
  • Pneumonias.

Sintomas de tumores neuroendócrinos pancreáticos:

  • Hipoglicemia, que pode causar suor, tremedeiras, tonturas, muita fome e falta de concentração;
  • Hiperglicemia, que pode causar muita sede, urinação frequente e diarreia;
  • Úlceras estomacais, que causam azia, indigestão e dor no peito ou no abdômen;
  • Perda de peso sem motivo aparente;
  • Manchas vermelhas, podendo às vezes causar coceira e dor na pele;
  • Icterícia;
  • Diarreias crônicas de difícil controle, podendo levar a quadros de desidratação.

Diagnóstico de tumores neuroendócrinos

Por terem sintomas muito parecidos com os de outras doenças, os tumores neuroendócrinos podem ter o diagnóstico atrasado em meses e até anos. Não é raro os pacientes ouvirem de médicos que o que sentem é relacionado à Síndrome do Intestino Irritável, gastrite, asma, hipertensão e até à menopausa.

O diagnóstico preciso é feito por um médico atento à existência dos tumores neuroendócrinos. Ao desconfiar da presença da doença, deverão ser realizados exames como:

  • Exame físico e histórico médico pessoal e familiar;
  • Biópsia (a retirada de uma amostra do tecido em que há suspeita de tumor para análise);
  • Exames de sangue e urina;
  • Exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada, endoscopia digestiva e ultrassonografia endoscópica, ecocardiograma e ressonância magnética nuclear (para procurar pistas sobre uma condição médica no organismo que leve a tumores);
  • Exames de cintilografia marcada com octreotídeo ou MIBG, PET CT (tomografia por emissão de pósitrons) marcado com análogos da somatostaina (exames específicos para os casos já com diagnóstico confirmado de TNE);
  • Exames de estadiamento, como cintilografia óssea e tomografias (para determinar onde os TNEs se iniciaram e se estão espalhados pelo organismo);
  • Exames extras, como broncoscopia e exames de função pulmonar (para confirmar outras suspeitas relacionadas aos TNEs).

Tratamento para tumor neuroendócrino

O tratamento dos tumores neuroendócrinos depende de vários fatores, tais como:

  • Onde o câncer se originou;
  • Se a doença se espalhou pelo organismo e para onde no organismo;
  • As características da doença (indolente ou agressivo, funcional ou não-funcional);
  • Outras condições de saúde do paciente.

Na maioria dos casos, a cirurgia é a primeira escolha de tratamento. Para atenuar os sintomas e/ou controlar o crescimento do tumor, são utilizados tratamentos médicos específicos, como radioterapia e quimioterapia.

Se for possível remover o tumor completamente com a cirurgia, pode ser que não haja necessidade de outro tratamento. Mesmo que o tumor tenha se espalhado (ou seja, tenha ocorrido metástase), a cirurgia ainda pode remover parte do tumor e de quaisquer outros tumores secundários – isso é denominado citorredução tumoral.

Nos casos em que os TNEs estejam bloqueando um órgão, como o intestino, a cirurgia pode ser útil para aliviar o bloqueio.

O tratamento mais comumente utilizado no caso dos tumores neuroendócrinos bem diferenciados é o análogo da somatostatina, por meio de uma injeção intramuscular ou subcutânea de uma classe de medicamentos não citotóxicos, diferente da quimioterapia convencional. Esses medicamentos controlam tanto os sintomas relacionados às síndromes funcionais quanto o crescimento das células tumorais.

A radioterapia raramente é usada no tratamentos para os TNEs, mas pode ser utilizada, por exemplo, em alguns casos de controle de metástases ósseas.

A quimioterapia faz uso de medicamentos aplicados na corrente sanguínea para destruir as células do câncer, normalmente ao interromper a capacidade da célula cancerosa de crescer e se dividir. Pode ser usada nos casos dos tumores mais agressivos ou em crescimento rápido com sintomas associados.

A imunoterapia ainda está com seu papel em investigação no combate aos TNEs, mas já demonstra dados de eficácia nos subtipos mais agressivos.

Prevenção do câncer neuroendocrinos

Como as causas dos tumores neuroendócrinos são desconhecidas, não é possível tomar atitudes preventivas contra eles.

De todo modo, em alguns casos raros os TNEs podem estar associados às seguintes síndromes familiares raras:

  • Neoplasia endócrina múltipla tipo 1 (NEM 1);
  • Neurofibromatose tipo 1;
  • Síndrome de Von Hippel-Lindau (VHL).

Mantê-las controladas pode ser uma forma de minimizar o risco de desenvolver os tumores neuroendócrinos.

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